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(contains Web links to Flora-On for observed plant species, Web links to high resolution Google satellite-maps (JPG) of plant-hunting regions from the Iberian peninsula; illustrated text in Portuguese language)



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Polunin - Flowers of South-West Europe - revisited - última compilação

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sexta-feira, 15 de março de 2013

Flowers of South-West Europe revisited - 24 - Alentejo

“Flowers of South-West Europe - a field guide” - de Oleg Polunin e B.E. Smythies

“Revisitas” de regiões  esquecidas no tempo - “Plant Hunting Regions” - a partir de uma obra de grande valor para o especialista e amador de botânica como da Natureza em geral.

Por

Horst Engels, Cecilia Sousa, Luísa Diniz, Nicole Engels, José Saraiva; Victor Rito

da

Associação “Trilhos d’Esplendor”

24 O Alentejo

                

24. Alentejo

24.1 Alto Alentejo (Norte-Este)

24.2 Baixo Alentejo (Sul-este)

Castroverde (Estepe ceralífera)

Faixa piritosa Ibérica

24.4 Alentejo Litoral

2.1.1.1.1 Costa Vicentina

Alentejo e Extremadura - Extrato do   Mapa de Solos e da Vegetação da Península Iberica.  de Moritz Willkomm (1852) [1]

24. O Alentejo

O Alentejo  é uma região no sul de Portugal. A origem da palavra “Alentejo” provem de facto de  “Alem-Tejo” e traduz-se por “Além do Tejo”. A região é separado pelo Rio Tejo  do Norte de Portugal. Para sul do Alentejo segue a região do Algarve. Um grande rio que passa pelo Baixo Alentejo é o Rio Guadiana  que faz fronteira no Algarve com a Espanha. Assim o Alentejo fica situado entre os dois rios, Tejo e Guadiana.

Polunin and Smythies  falam pouco sobre o Alentejo no livro “ Flowers of South-West Europe - a field guide ”. Possivelmente não incluiram esta região nas “ plant hunting regions ” porque na realidade nela não existem cadeias montanhosas altas com endemismos que nestas normalmente se encontram.

Alentejo - paisagem [2]

Alentejo - cidade Castro Verde [3]

No entanto, a costa Vicentina  que faz parte do Alentejo litoral é incluida nas regiões botânicas valiosas do Polunin & Smythies .

Também Willkomm  inclui a costa Vicentina nas sua descrições sobre a flora da Península Ibérica. Ele descreve o Baixo Alentejo apenas brevemente na sua obra sobre: “ Die Grundzuege der Pflanzenverbreitung auf der Iberischen Halbinsel. [4]

Willkomm  dedica-se em 1852 na sua tése: “ Die Strand- und Steppengebiete der iberischen Halbinsel und deren Vegetation [5] [6]  às plantas costeiras  e das estepes  da Península Ibérica.  Os habitats e ecossistemas costeiras têm normalmente em comum com as estepes da Península Ibérica o elevado teor em sais no solo - e por isso é aí onde se encontra plantas adaptadas aos solos com sais, chamadas plantas halofítas ou simplesmente halófitas .  São diversas famílias de cormófitos (plantas vasculares) que conseguiram esta adaptação difícil ao ambiente salgado que dificulta o equilíbrio osmótico nas plantas.

O que caracteriza uma grande parte do Alentejo são estepes ceralíferas com gramíneas ( Gramineae = Poaceae ).- um importante grupo de plantas vasculares com adaptações ao ambiente austero das estepes.

Alentejo - estepe ceralífera [7]

A família das gramíneas tem adaptações, baseadas sobretudo na sua arquitectura morfologica, mas também fisiológicas, aos ecossistemas com climas extremos e com inestabilidades atmosféricas elevadas. Além de pluviosidade  reduzida ou sazonal são sobretudo os ventos  fortes que representam um factor físico limitante para as plantas, por causa da grande resistência aerodinâmica que a superfície do corpo de uma planta normalmente representa aos ventos. As gramíneas conseguiram de facto uma arquitectura morfológica genial para superar esta resistência aerodinâmica e até conseguiram aproveitar-se da força dos ventos para transporte das suas sementes.

São as estepes ceralíferas  que dão o caracter ao Alentejo. No entanto, existem também serras no Alentejo como  por exemplo as Serras de Grândola, Monfurado, Montemuro, d’Ossa, Portel, São Mamede, Vigia e Caldeirão, mas não são serras altas. A razão para isso vemos explicada pela sua geologia.

A estepe ceralífera do Alentejo não tem as mesmas características como as verdadeiras estepes (salgadas) das regiões do Central, Sul e Este Ibérico. É por isso que a estepe ceralífera do Alentejo, fortemente modelada e influenciada pela acção antropogénica, também é chamada apenas uma pseudo-estepe. A região é em geral caracterizada por uma paisagem ondulada, suave, mas com grande extremas de temperaturas.

 A obra da Flora Iberica  ainda não pode ajudar na identificação das espécies da rica e difícil famíla das gramíneas [8]  do Alentejo porque o volume 19 sobre as gramíneas [9]  ainda está apenas previsto para ser publicado.

Mas para a Estremadura , parte do   sistema “ Gebirgssystem Estremadura ” (veja mapa de Willkomm) a qual também pertence o Baixo Alentejo, existem monografias sobre gramíneas - obras que podem ser bastante úteis na identificação das gramíneas do Alentejo. São isso as monografias de J.A. Devesa et al.  sobre: “ Las Gramineas da Extremadura [10] [11]  e “ Anatomía foliar y palinología de las gramíneas extremeñas [12] [13] . Para as gramíneas da Estremadura existe também uma chave de identificação online [14]  na base da lista genérica de Devesa et al. . [15]  Outra obra importante dos mesmos autores é: “ Vegetación e Flora de Extremadura [16] [17]  - também indispensável para a identificação da flora alentejana.

Alentejo - montado [18]

Alentejo - montado de azinheiras com Echium [19]

Na região do Alentejo distinguem-se ainda as seguintes subregiões:

  1. Alentejo Central
  2. Alentejo Litoral
  3. Alto Alentejo
  4. Baixo Alentejo
  5. Lezíria do Tejo

Note-se que esta divisão administrativa actual não coincide com a antiga região tradicional do Alentejo (que era constituída por duas das antigas províncias: o   Alto  e   Baixo Alentejo ), a qual era ligeiramente menor que a actual e incluía apenas os distritos de Évora e Beja (na sua totalidade), praticamente todo o distrito de Portalegre (excepto o concelho de   Ponte de Sôr , que fazia parte da antiga província do   Ribatejo ), e a metade sul do de Setúbal (os concelhos desse distrito que fazem parte da actual região do Alentejo Litoral, a saber:   Alcácer do Sal ,   Grândola ,   Santiago do Cacém  e   Sines ).

Mapa geográfico da província do Alentejo e do reino do Algarve [20]

Também não se deve confundir a antiga provincia ou comarca de Estremadura de Portugal [21]   que foi extinta no século XIX com a Estramadura da Espanha que se divide nas províncias de Caceres  e Badajoz .

Estremadura, Portugal [22]

Estremadura, Espanha [23]

Willkomm  (1896) inclui o Baixo-Alentejo  nas suas observações botânicas com a zona serrana do Algarve, mas consta que existem diferenças importantes na flora destas regiões.

Para a Serra do Monfurado do Alto Alentejo  existe uma monografia botânica de Marízia Clara de Menezes Dias Pereira  que consta de mais do que 800 taxones de plantas.

Em termos geomorfológicos globais, a região do Alentejo integra-se, quase na totalidade, no Maciço Antigo  e, dentro deste, na zona de Ossa-Morena . É atravessada pela chamada falha da Messejana , uma grande fractura geológica que percorre no sentido SW-NE, todo o Alentejo, prolongando-se, a partir de Campo Maior, por terras de Espanha.

Uma revisão moderna da geomorfologia da zona de Ossa-Morena encontra-se em M. A. de San José, P. Herranz, A. P. Pieren “ A review of the Ossa-Morena Zone and its limits. Implications for the definition of the Lusitan-Marianic Zone .” [24]

Fig.1.- División en zonas y sectores del Macizo Hespérico enfatizando la propuesta Zona Lusitano-Mariánica. A1: Zona Cantábrica; A2: Núcleo anticlinal de las Pizarras del Narcea; B1: Zona Asturoccidental leonesa (ZAOL); B2: ZAOL Granitoides y Pizarras de Villalba del Precámbrico terminal, del pliegue recumbente de Mondoñedo; C1: Zona Galaico-trasmontana (ZGTM), Unidades catazonales alóctonas; C2: ZGTM Banda blastomilonítica Malpica-Tuy; C3: ZGTM dominio esquistoso; D1: “Ollo de Sapo” y otros neises glandulares (ZCI), D2: Materiales indiferenciados

de la Zona Centroibérica (ZCI), D3: Núcleo migmatítico de Toledo; D4: Eje de Los Pedroches; E: “Banda Problema”: Zona Lusitano-Mariánica (ZLM); F: Zona de Ossa Morena (s. restricto) (ZOM);

Fig.2.- División en bandas del SW del Macizo Hespérico. Zona Centro Ibérica: 0: Dominio de Montes de Toledo; 1: Alcudia-Alta Extremadura; en negro depósitos continentales del Alcudiense

Superior; 2: Eje de Los Pedroches. 3: Zona Lusitano-Marianica. 3a: Dominio de Obejo-Valsequillo; 3b Eje Badajoz-Córdoba y dominio de Sierra Albarrana. Zona de Ossa Morena: 4a: Banda Zafra-Llerena-Alanís; 4b: Núcleo Olivenza-Monesterio; 5: Banda Cheles-Barrancos; 6: Macizo Évora-Beja-Aracena; Zona Sur-Portuguesa: 7 a: “Pulo do Lobo”; 7 b: Faja pirítica; 7 c: ZSP indiferenciada.

Uma carta com as zonas geomorfológicas de Portugal à seguir:

Na Carta de Geologia de Portugal reflecta-se bem a complexidade da geologia de Portugal::

Carta de Geologia de Portugal

Um introdução bastante acessível da geologia do Alentejo escrita por Galopim de Carvalho  encontra-se  aqui: “ ALGUNS ASPECTOS DA GEOLOGIA DO ALENTEJO ”. [25]

Esta complexidade geológica e litológica do Alentejo reflecta-se também necessariamente na flora.

Estudos fitossociológicos no Alentejo

Existem relativamente poucas monografias sobre a flora alentejana e estudos fitossociológicos são escassos e não são sempre de acesso fácil. Além do estudo biogeográfico de J.C. Costa  et. al.   (1998) Biogeografia de Portugal Continental [26]  e do estudo clássico de Werner Rothmaler (1943) sobre o Promontorium Sacrum [27]  encontram-se publicados: por J. Capelo  em 1996 um Esboço da Paisagem Vegetal da Bacia Portuguesa do Rio Guadiana [28] ; em 2009 por Marízia Clara de Menezes Dias Pereira “ A Flora e Vegetação da Serra de Monfurado (Alto Alentejo - Portugal) [29] ”, - para mencionar apenas alguns dos trabalhos mais conhecidos ou acessíveis na Internet.

Para um resumo das características biogeográficas do Alentejo  referimos à seguir o trabalho de Costa et. al. sobre a Biogeografia de Portugal. Também sobre a Faixa Piritosa Ibérica  e alguns endemismos interessantes da vegetação metalofítica que se encontram nesta faixa geológica vamos falar. E vamos lembrar a Estepe ceralífera  do Alentejo que tornou-se um símbolo paisagística desta região.

Vegetação Potencial Natural do Alentejo

Descrevemos a partir da Carta da Vegetação Potencial Natural da Europa  de Udo Bohn et. al. (2002) [30] [31]  alguns aspectos sobre a vegetação potencial (climax) do Alentejo:

Extrato da ‘Carta da Vegetação Natural Potencial da Europa’ (Bohn et. al 2002) [32]

O Alentejo

Extrato da ‘Carta da Vegetação Natural Potencial da Europa’ (Bohn et. al 2002) [33]

O Alentejo sobreposto com Mapa satélite (Google-Earth)

Como se vê na carta, existem no Alentejo duas áreas de grande extensão com vegetação potencial distinta - a área com vegetação potencial do J35-J36 [34] [35]  de florestas termo-mediterrânicos de sobreiros ( Quercus suber ):

J -  Mediterranean sclerophyllous forests and scrub

2 -  Thermo-Mediterranean sclerophyllous forests and xerophytic scrub ( Quercus suber, Q. ilex subsp. rotundifolia, Olea europaea, Ceratonia siliqua, Periploca angustifolia, Rhamnus lycioides )

2.1 -  Thermo-Mediterranean cork oak forests ( Quercus suber )

e a área com vegetação potencial J1-J2 [36] [37]  de azinheiras ( Quercus ilex subsp. rotundifolia ) em florestas e matagais mediterrânicas esclerofíticas:

J -  Mediterranean sclerophyllous forests and scrub

1 -  Meso- and supra-Mediterranean as well as relict sclerophyllous forests (Quercus ilex, Q. ilex  subsp. rotundifolia, Q. coccifera, Q. suber, Pistacia lentiscus )

1.1 -   Quercus ilex subsp. rotundifolia -forests

A área de de azinheiras em florestas e matagais mediterrânicas escelerofíticas estende-se também para grandes áreas de Espanha:

e é característica para a região vizinha de Estremadura (Espanha) do Alentejo. É nestas áreas que se inseram as grandes estepes da Península Ibérica. No entanto, a estepe ceralífera  do Alentejo tem de ser considerada uma pseudo-estepe, com origem por actividade humana,  que podia provavelmente voltar rapidamente ao estado climax de uma floresta mediterrânica indicada no mapa enquanto partes das estepes espanholas, as estepes salgadas  da Espanha, já atingiram uma regressão de tal ordem e para um estado secundário dos solos tão diferente que provavelmente dificilmente voltavam ao estado climax de floresta indicado por estas regiões.

Veja à seguir: Alto Alentejo

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[4]  WILLKOMM,  M.  (1896)  -   Grundzuege  der  Pflanzenverbreitung  auf  der  iberischen  Halbinsel. (Download)   In  Sammlung  von  Engler,  A.  und  Drud,  O.:   Die  Vegetation  der  Erde . Engelmann. Leipzig

[8]  Existem mais do que 10.000 espécies de gramíneas mundialmente, e para a Estremadura são listadas 209 taxones em 175 espécies (Devesa, 1991).

[14]  a chave ( DELTA KEY ) tem como opção a escolha do subset de géneros de gramíneas da Extremadura

[21]   A Estremadura  é uma antiga   comarca  ou província portuguesa estabelecida na   Idade Média  e extinta no   século XIX , devendo o seu nome derivar do   latim   Extrema Durii  ( extremos do   Douro ), por designar os territórios adquiridos, na sequência da   Reconquista cristã , para Sul do Douro (tal é, de resto, também a origem etimológica do nome da região espanhola da   Estremadura ); com a progressão da reconquista para Sul, a noção de Estremadura, como terra de fronteira, foi também alargando-se, de tal forma que, no   século XV , a Estremadura correspondia, grosso modo , aos modernos   distritos de Aveiro ,   Coimbra ,   Leiria ,   Lisboa ,   Santarém  e   Setúbal .

Ao longo da história os limites da Estremadura foram muitas vezes alterados. No   século XIX , quando deixou de ter significado administrativo, os seus limites correspondiam, grosso modo, aos actuais distritos de Lisboa, Leiria, Santarém e Setúbal.

[26]  COSTA, J. C.; AGUIAR, C.; CAPELO, J. H.; LOUSÃ, M. & NETO, C. 1998. Biogeografia de

Portugal Continental. Quercetea 0: 5-56. ALFA/FIP. Portugal

[27]  ROTHMALER, W. (1943) - Promontorium Sacrum, Vegetationsstudien in südwestlichen

Portugal. Repert. Spec. Nov. Regni Veg. Beih. 128.

[28]  CAPELO, J. 1996. Esboço da Paisagem Vegetal da Bacia Portuguesa do Rio Guadiana. Silva

Lusit. 4 (especial): 13-64.

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